Nem contidas, nem histéricas. Para além da medicalização do desejo

Resumo

Este artigo questiona as relações entre preconceitos herdados da histeria feminina e o desejo como falta. Através do filme Stonehearst Asylum, argumenta-se que a concepção afirmativa do desejo pode ser separada de uma tradição negativa. Mediante um caso de histeria documentado pelo Dr. Charcot em La Salpêtrière, o filme permite revelar condicionamentos negativos nas mulheres a partir da constituição de um corpo feminino doente, e como é fundamental explorar outros modelos de compreensão do desejo que permitam ampliar a revalorização da vontade de poder e as margens da vida. Com a ajuda de Deleuze e Guattari, propõe-se um olhar alternativo para a compreensão do desejo que questione alguns princípios de legitimação de uma discursividade atual que reproduz a violência de gênero, ao mesmo tempo que permite repensar positivamente novas formas de subjetividade como o potencial criativo do desejo e vida.